ATA DA NONAGÉSIMA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 23-10-2002.

 


Aos vinte e três dias do mês de outubro de dois mil e dois, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e quinze minutos, foi efetuada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni, Carlos Pestana, Haroldo de Souza, João Antonio Dib, João Bosco Vaz, Juarez Pinheiro, Luiz Braz, Maria Celeste, Nereu D'Avila, Paulo Brum, Sofia Cavedon e Zé Valdir. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Beto Moesch, Carlos Alberto Garcia, Clênia Maranhão, Dr. Goulart, Elói Guimarães, Ervino Besson, Isaac Ainhorn, João Carlos Nedel, Marcelo Danéris, Pedro Américo Leal, Raul Carrion, Reginaldo Pujol, Sebastião Melo e Valdir Caetano. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos. Na ocasião, face à inexistência de quórum deliberativo, deixaram de ser votadas as Atas da Octogésima Quinta e Octogésima Sexta Sessões Ordinárias. À MESA, foram encaminhados: pelo Vereador Ervino Besson, a Emenda nº 01 ao Projeto de Lei do Executivo nº 064/02 (Processo nº 3007/02) e as Emendas nºs 03, 04, 05, 06, 07, 08, 09, 10 e 11 ao Projeto de Lei do Executivo nº 062/02 (Processo nº 3005/02); pelo Vereador Haroldo de Souza, 02 Pedidos de Providências; pelo Vereador João Antônio Dib, o Projeto de Lei do Legislativo nº 199/02 (Processo nº 3183/02); pelo Vereador João Bosco Vaz, o Projeto de Resolução nº 104/02 (Processo nº 3171/02); pelo Vereador Reginaldo Pujol, 01 Pedido de Providências. Também, foram apregoados os seguintes Requerimentos, deferidos pelo Senhor Presidente: de autoria do Vereador Paulo Brum, solicitando que o Projeto de Resolução nº 093/02 (Processo nº 2733/02) seja incluído na Ordem do Dia, nos termos do artigo 81 da Lei Orgânica Municipal; de autoria do Vereador Luiz Braz, solicitando que o Projeto de Lei do Legislativo nº 157/02 (Processo nº 2657/02) seja incluído na Ordem do Dia, nos termos do artigo 81 da Lei Orgânica Municipal; de autoria do Vereador Nereu D’Avila, solicitando que o Projeto de Resolução nº 090/02 (Processo nº 2402/02) seja incluído na Ordem do Dia, nos termos do artigo 81 da Lei Orgânica Municipal. Do EXPEDIENTE, constaram: Ofícios nºs 659/02, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; 088 e 118/02, do Senhor José Pereira da Silva, Diretor do Departamento de Gestão do Fundo Nacional de Assistência Social do Ministério da Previdência e Assistência Social. A seguir, por solicitação do Vereador João Carlos Nedel, foi realizado um minuto de silêncio em homenagem póstuma ao Senhor Antônio Geraldo Braz, pai do Vereador Luiz Braz, falecido no dia vinte e dois de outubro do corrente. Em PAUTA ESPECIAL, Discussão Preliminar, estiveram, em 4ª Sessão, os Projetos de Lei do Executivo nºs 062, 063, 064, 065, 066 e 067/02, discutidos pelos Vereadores Adeli Sell, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, Carlos Pestana, Zé Valdir e Juarez Pinheiro. Na ocasião, foi apregoado Requerimento do Vereador Marcelo Danéris, Líder da Bancada do PT, solicitando, nos termos do artigo 218, § 6º, do Regimento, Licença para Tratamento de Saúde para a Vereadora Maristela Maffei, no dia de hoje, tendo o Senhor Presidente declarado empossada na vereança a Suplente Berna Menezes, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação. Também, foi apregoada Declaração firmada pelo Vereador Marcelo Danéris, Líder da Bancada do PT, informando o impedimento do Suplente Darci Campani em assumir a vereança no dia de hoje, em substituição à Vereadora Maristela Maffei. Ainda, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos sobre normas constantes na legislação eleitoral, que vedam a transmissão televisiva de pronunciamentos de Senhores Vereadores que estejam usando adesivos ou materiais alusivos à campanha eleitoral ora em curso. Na oportunidade, foi apregoada a Emenda nº 01, proposta pelo Vereador João Carlos Nedel e assinada pelo Vereador João Antonio Dib, Líder da Bancada do PPB, ao Projeto de Lei do Executivo nº 058/02 (Processo nº 2760/02). Também, o Senhor Presidente registrou a presença de alunos e das professoras Naira Ferreira e Solange Claro, da Associação Cristã de Moços - ACM - Bairro Cidade Baixa, informando que Suas Senhorias comparecem a este Legislativo para participarem do Projeto de Educação Política desenvolvido pelo Memorial da Casa junto a escolas e entidades de Porto Alegre e Região Metropolitana. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, a Vereadora Clênia Maranhão procedeu a relato de visita realizada ontem por Sua Excelência ao Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul, discorrendo sobre pesquisa elaborada pelo geógrafo Gervásio Neves, que versa sobre os índices de desenvolvimento humano da população porto-alegrense. Também, teceu considerações sobre a importância desse trabalho, no que diz respeito à implementação de políticas públicas voltadas para minorar os problemas sociais existentes no Município. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram, em 1ª Sessão, o Substitutivo n° 02 ao Projeto de Lei do Legislativo n° 293/01, discutido pelas Vereadoras Maria Celeste e Sofia Cavedon, os Projetos de Lei do Legislativo n°s 188, 190 e 191/02, os Projetos de Lei Complementar do Executivo n°s 004/02, discutido pelos Vereadores Juarez Pinheiro, Elói Guimarães e Sofia Cavedon, e 005/02, discutido pelo Vereador João Antonio Dib. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Paulo Brum manifestou-se sobre a concessão de passe-livre para os portadores de deficiência nos trens da Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre Sociedade Anônima - TRENSURB. Nesse sentido, aludiu a acordo firmado entre a diretoria do TRENSURB e a Federação Riograndense de Entidades de Deficientes Físicos - FREDEF, presidida por Sua Escelência. Também, parabenizou a Companhia Zaffari de Supermercados pela inauguração de loja na Cidade de Caxias do Sul - RS. O Vereador Haroldo de Souza analisou criticamente as relações desenvolvidas entre setores da imprensa e as agremiações partidárias, no que tange aos ideais democráticos que norteiam essa relações e pronunciou-se favoravelmente à aprovação do Projeto de Lei do Executivo n° 058/02. Ainda, referiu-se à realização do segundo turno das eleições no Estado e no País e mencionou declarações do Senhor José Alencar acerca do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST. O Vereador Marcelo Danéris destacou a necessidade da votação, em caráter urgente, do Projeto de Lei do Executivo nº 058/02, que autoriza o Poder Executivo a contratar empréstimo externo para financiamento de obras de estruturação urbana e recuperação ambiental do Programa Integrado Entrada da Cidade, de modo que o mesmo possa seguir sua tramitação normal, sendo enviado ao Senado Federal para aprovação, uma vez que os recursos a serem destinados a este projeto são oriundos de órgãos internacionais. Na ocasião, foi registrada a presença do Vereador Orlando, do PSB do Município de Rio Grande - RS. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Isaac Ainhorn registrou o lançamento, ontem, do Atlas Social de Porto Alegre, elaborado pelo Instituto de Responsabilidade Social, sob a coordenação do geógrafo Gervásio Neves, informando que essa obra foi composta com o apoio do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul e da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul - FIERGS - e gizando que a mesma é um importante instrumento para a compreensão das intervenções públicas realizadas para melhorar a qualidade de vida na Cidade. O Vereador João Antonio Dib teceu considerações acerca do processo eleitoral ocorrido no dia seis de outubro do corrente, analisando as influências desse fato sobre os trabalhos da Câmara Municipal de Porto Alegre. Nesse sentido, discorreu sobre os debates realizados por este Legislativo, relativos ao Projeto de Lei do Executivo nº 058/02, o qual versa sobre o Programa Integrado Entrada da Cidade, e às normas legais que regulamentam o instituto jurídico do Direito Real de Uso em Porto Alegre. Na ocasião, foram registradas as presenças dos Vereadores Ângelo Figueiredo e Ângelo Fernando, do PSB, Surama Santos, Rudimar Marim, Luis Carlos da Graça e Renato Gomes, respectivamente do PPB, PL, PSDB e PPS, do Município de Rio Grande - RS. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Carlos Alberto Garcia, salientando a preocupação de Sua Excelência quanto à problemática da ocupação de espaços urbanos para lazer e recreação, manifestou-se sobre as obras de construção da III Perimetral, defendendo a idéia de que, aos domingos e feriados, os ônibus não circulem nos corredores destinados a esse fim, existentes nessa via, de modo que a população abrangida pela mesma possa utilizá-la como espaço de lazer. O Vereador Elói Guimarães relatou incidente ocorrido com agente de fiscalização de trânsito da Empresa Pública de Transporte e Circulação - EPTC, que lavrou auto de infração contra cidadão que estacionou seu automóvel em local proibido, de modo a facilitar o desembarque de passageira com problemas de locomoção, propugnando que a referida Empresa revise seus posicionamentos quanto à fiscalização de trânsito em situações que não sejam convencionais. Às dezesseis horas e quarenta e dois minutos, constatada a inexistência de quórum, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Carlos Alberto Garcia, Paulo Brum e Aldacir Oliboni e secretariados pelo Vereador Luiz Braz, como Secretário "ad hoc". Do que eu, Luiz Braz, Secretário "ad hoc", determinei fosse lavrada a presente Ata que, após ser distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra para um Requerimento.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL (Requerimento): Tivemos a notícia do falecimento do pai do Ver. Luiz Braz, o Sr. Antônio Geraldo Braz, e pedimos um minuto de silêncio em sua memória.

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Está deferido de plano, e fica a nossa homenagem à memória do pai do nosso querido amigo Ver. Luiz Braz.

 

(Faz-se um minuto de silêncio.)

 

Passamos à

 

PAUTA  ESPECIAL

 

DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

(até 06 oradores/10 minutos/com aparte)

 

4ª SESSÃO

 

PROC. 3005/02 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 062/02, que estima a Receita e fixa a Despesa da Administração Direta do Município para o exercício econômico-financeiro de 2003. Com Emendas n.os 01 e 02.     

 

PROC. 3006/02 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 063/02, que estima a Receita e fixa a Despesa do Departamento Municipal de Limpeza Urbana para o exercício econômico-financeiro de 2003.

 

PROC. 3007/02 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 064/02, que estima a Receita e fixa a Despesa do Departamento Municipal de Água e Esgotos para o exercício econômico-financeiro de 2003.

 

PROC. 3008/02 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 065/02, que estima a Receita e fixa a Despesa do Departamento Municipal de Habitação para o exercício econômico-financeiro de 2003.

 

PROC. 3009/02 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 066/02, que estima a Receita e fixa a Despesa da Fundação de Assistência Social e Cidadania - FASC - para o exercício econômico-financeiro de 2003.

 

PROC. 3018/02 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 067/02, que estima a Receita e fixa a Despesa do Departamento Municipal de Previdência dos Servidores Públicos de Porto Alegre para o exercício econômico-financeiro de 2003.

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Adeli Sell está com a palavra para discutir a Pauta Especial.

 

O SR. ADELI SELL: Ver. Paulo Brum, creio que seriam dez minutos, mas só utilizarei cinco minutos, sem problema. Nesta discussão de Pauta Especial, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, nós já fizemos alguns bons debates aqui. Hoje, pretendemos abreviar um pouco o tempo para algumas votações, não sem antes colocar a importância de alguns itens do Orçamento da cidade de Porto Alegre. Tenho sido recorrente, porque a situação nos obriga a debater este problema. Eu falo mais especificamente da arrecadação. Para falar de arrecadação devemos também falar de tributação. Recentemente, na cidade de São Paulo, por iniciativa do Secretário da Fazenda, João Saad e da Prefeita Marta Suplicy, foi feito um acordo com alguns setores e, portanto, modificada a lei do ISSQN, no sentido de minorar os problemas de alguns setores que acabavam migrando para as cidades da Grande São Paulo, numa guerra fiscal desenfreada.

Nós já fizemos algumas modificações aqui nesta Casa em 1999. Não conseguimos evoluir em 2000. Inclusive, o Ver. Braz, junto conosco e outros Vereadores, se envolveu na discussão do ISSQN, da chamada TI – Tecnologia da Informação, e nós precisamos voltar a este tema aqui em Porto Alegre, seguindo, na minha opinião, o exemplo de São Paulo, onde houve um compromisso selado entre a Prefeitura e essas empresas, para que as empresas, efetivamente, que operam na cidade de São Paulo permaneçam em São Paulo e legalizem a sua situação na cidade de São Paulo e não tenham empresas de fachada em Taboão da Serra, ou seja lá onde for, como aqui em Porto Alegre. Nós sabemos e respeitamos a importância do pólo informático da cidade de São Leopoldo. Há empresas importantes que operam lá, outras operam aqui. Algumas operam concomitantemente nas duas cidades. Mas aqui nós temos que enfrentar essa situação também, porque me parece que há uma elisão fiscal. Há uma elisão fiscal, porque nas concorrências desenfreadas que existem hoje, a margem de lucro é extremamente baixa e empresas acabam tendo que se utilizar desse subterfúgio de montar, entre aspas, a sua empresa em outro lugar.

Nós precisamos, sem hipocrisia - e aqui fala um Vereador de situação - colocar esse debate.

Nós temos que ser mais eficazes no combate à sonegação. Nesse sentido não é apenas uma função do Executivo Municipal. O ex-Prefeito João Dib sabe muito bem disso, é uma questão de cultura, é uma questão de batalha, é uma questão de trabalho de vários segmentos, e este segmento tem que se envolver também, esta Câmara Municipal de Vereadores.

Nós pretendemos, logo depois de fecharmos esse debate sobre a arrecadação, sobre o Orçamento, discutir para valer, a fundo, a questão do ISSQN, porque, mais uma vez, pudemos verificar que a nossa arrecadação está estagnada e precisamos fazer esse enfrentamento.

É um debate difícil, alguns vão achar que a gente tem que simplesmente não cobrar tributos, como se isso fosse possível, se quisermos continuar realizando obras importantes.

Daqui a pouco devemos votar a questão da Entrada da Cidade. Mas não é possível. Como não é possível, hoje, com algumas alíquotas que são aplicadas em várias Prefeituras do País inteiro.

Nós temos esse compromisso, e estou fazendo um apelo especial àqueles Vereadores que já entraram nesse debate outras vezes, como o Ver. Braz, o Ver. Dib e o Ver. Nedel, que têm debatido mais essa questão conosco na Comissão de Economia, Finanças e Orçamento.

Portanto, está lançada, aqui, mais uma vez essa preocupação para que juntos possamos fazer esse debate e ter o melhor para a cidade de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para discutir a Pauta Especial.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu vou, novamente, perguntar por que a Prefeitura aplica o dinheiro em CDBs e não transforma o dinheiro arrecadado, de forma às vezes violenta, da população, em obras e serviços, que é para o que serve o dinheiro dos impostos? E eu não quero que ninguém venha me contar histórias da Carochinha em relação ao dinheiro utilizado em CDBs.

A Prefeitura, realmente, eu já provei nesta Câmara, tem uma predileção especial pelo dinheiro em aplicação financeira e não em obras e serviços.

O Prefeito Olívio Dutra, em janeiro de 1990, resolveu parcelar o salário dos municipários e colocou em open market 107 milhões, e dizia que não tinha 70 milhões para os servidores, como determina a Lei Orgânica, no mês de janeiro, mostrando a predileção das administrações petistas pelo sistema bancário.

Quando se municipalizou a saúde e o dinheiro veio para a Prefeitura, o hoje Deputado Eliseu Santos - o então Ver. Eliseu Santos - descobriu que o dinheiro não estava sendo repassado, e nós tivemos que fazer contatos até com o Ministério da Saúde, Previdência, foi uma confusão danada aqui, e aí deram o dinheiro que estava no sistema bancário e que não pertencia à Prefeitura, pertencia a entidades hospitalares.

Eu quero também dizer que no dia 31 de dezembro de 2001, portanto encerrados os balancetes da Prefeitura de Porto Alegre, tinha a Prefeitura em conta corrente no Banco... Já estavam pagos o décimo terceiro salário dos servidores e fornecedores. Claro que tinha restos a pagar, eu fui Prefeito, sei que sempre tem, mas também tem verba no Orçamento seguinte para pagar restos de contas que não puderam ser sanadas. Tinha 43 milhões e 491 mil reais em conta corrente nos bancos; 123 milhões 394 mil reais em CDBs; 13 milhões em contas bancárias vinculadas que são aquelas das obras, da III Perimetral, de obras, e tinha, em função do regime próprio de previdência dos servidores, 3 milhões e 551 mil. Portanto, a Prefeitura, no fim do ano, tinha dinheiro. Neste ano de 2002, a Prefeitura tinha, na sua proposta orçamentária, obras no valor de 92 milhões de reais; mas claro que esses 92 milhões de reais no Fundo PIMES, Caixa Econômica Federal, BID, portanto dinheiro de financiamento, não dinheiro de Orçamento. Para o próximo ano, e tendo 92 milhões de reais, tinha em aplicação bancária mais de 140 milhões em média. Portanto, ela não precisava desse dinheiro. A Prefeitura não sabe o que é custo social e o que é benefício social; o povo de Porto Alegre está sendo penalizado, está pagando custo social sem receber benefício fiscal. É esta a irritação deste Vereador.

Para o próximo ano, a Prefeitura aumenta o seu Orçamento em 4%, aumenta dentro deste Orçamento a sua retribuição de CDBs em 73% e diminui as obras em cerca de 6 milhões de reais. Eu nunca vou entender, nunca vou entender que o dinheiro do povo não seja transformado em obras e serviços, que é o que a Prefeitura de Porto Alegre está fazendo: onerando o povo duas vezes, quando arrecada impiedosamente os impostos e quando deixa de fazer obras e serviços que são reclamados pela população. Depois eles vêm dizer aqui que têm que recuperar as obras de arte, os viadutos, se este Vereador aqui não sabe que precisa ser feito. Sabe, tanto que, quando Prefeito, recuperou o complexo da Conceição e deixou por escrito como se faz a recuperação, não precisava contratar ninguém, porque os engenheiros da Prefeitura sabiam resolver, mas contrataram. Agora, para este ano, eles colocaram, das obras que estão aqui relacionadas, 1 milhão e 900 mil reais para o complexo da Conceição, para o túnel; não vão fazer, porque não conseguiram empréstimo, mas têm 150 milhões de reais em CDBs. Então colocaram para o ano que vem 1 milhão e 700 reais. Este ano tem 1 milhão de reais para Pista de Eventos, não vão fazer nada; mas há também para o ano que vem 1 milhão de reais para a Pista de Eventos. Portanto, esse milhão da Pista de Eventos e esse 1 milhão e 900 mil reais do túnel estão em CDBs - isso se chama custo social duplo, não é benefício, é custo social. Creio que os Vereadores vão ter mais cuidado quando fizerem as suas afirmativas de que esse dinheiro é bem empregado. Saúde e paz!

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra para discutir a Pauta Especial.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, mais uma vez, em Pauta Especial, a lei mais importante da nossa Cidade, que fala sobre o Orçamento. No Orçamento, alguns aspectos me preocupam. Preocupa-me, e não vejo aqui o Ver. João Bosco Vaz, que o Orçamento da Secretaria de Esportes foi reduzido. Vejo, com muito prazer, um incentivador do esporte, o Ver. Haroldo de Souza, pois, Vereador, o Orçamento da Secretaria de Esportes foi reduzido; justamente uma atividade que pode promover o jovem, o adolescente, afastá-lo das drogas e é o grande fator de integração da criança ao seu meio, à sua comunidade, à sua sociedade. Pois, foi reduzido.

O Orçamento do DEP, que no ano passado foi reduzido em 4 ou 5 milhões de reais, neste ano foi aumentado em 4 milhões de reais, exatamente o financiamento do BID, que será lá para o Bairro São Geraldo, para a contenção dos alagamentos do Bairro São Geraldo. Para o conduto forçado da Rua Álvaro Chaves, Ver. Elói Guimarães, somente 4 milhões de reais, e ainda financiados pelo BID. Essa é uma dificuldade muito grande, ou seja, ainda não recuperou o Orçamento do ano retrasado. Não vejo dotações para o desassoreamento e limpeza dos arroios em Porto Alegre. Há poucos dias, tivemos chuvas em excesso em Porto Alegre.

O arroio Mem de Sá, no Bairro Jardim do Salso, está um caos. Tenho as fotografias em meu gabinete, estão expostas em painéis, é uma sujeira ímpar. Ver. Beto Moesch, V. Ex.ª que cuida do meio ambiente, é inacreditável a situação do arroio Mem de Sá, ali no vale do Salso, próximo à PUC, numa zona importante de nossa Cidade. Mas, ele cruza pelo Mato Sampaio, pela Vila Divinéia e lá estão casas dentro do arroio, que tiveram um financiamento para serem realocadas e não foram.

O arroio Moinhos foi desassoreado há dois anos e está novamente entupido de lixo. O arroio Mangueira, mais abaixo, também não teve nenhuma limpeza, nada. Não há verba orçamentária para isso.

 

O Sr. Beto Moesch: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Nedel, justamente esse problema que V. Ex.ª apresenta tão bem, não só aqui na tribuna, mas em outras ocasiões, é o que a Prefeitura não mostra: a “Biafra” de Porto Alegre. Nós temos isso aqui: em alguns locais, em vilas, moradores vivendo com o lixo e com o esgoto. Não estou nem falando do não-tratamento do esgoto, mas de esgoto a céu aberto sem nenhum tipo de canalização, isso ocorre. E mais, não só não há previsões de investimentos nessas áreas, que é uma obrigação constitucional; não há obrigação alguma constitucional ou legalmente falando para nós asfaltarmos, mas há uma obrigação constitucional e legal para a destinação adequada do esgoto e dos resíduos; mas isso não é feito, e o asfaltamento é feito. Há, portanto, um descumprimento total por parte do Governo dos nossos preceitos legais básicos. O pior é que estão sendo investidos 5 milhões de reais para tentar resolver problemas de alagamento nos Bairros Cristal, Nonoai, Camaquã e Cavalhada, na Av. Diário de Notícias, no local que era um dique, e que deixou de ser dique, porque há um cano pluvial ali. As águas do Guaíba, quando subirem, poderão levar essas águas pelo cano, comprometendo ainda mais aquele local - não sou eu que digo isso, é o Instituto de Pesquisas Hidráulicas - e levando essas águas pluviais para uma baía que, comprovadamente, pelo IPH – Instituto de Pesquisa Hidráulicas da UFRGS – assoreará aquela baía, comprometendo o ecossistema e o local turístico fundamental para a cidade de Porto Alegre, não resolvendo o problema, muito antes pelo contrário. Como se não bastasse isso, como todo o esgoto pluvial da Cidade – não sou eu que digo isso, é o próprio DEP – recebe o cloacal, nós estaremos, por 5 milhões de reais, levando, através de uma obra da Prefeitura, não somente o esgoto pluvial, mas também o cloacal, a um local belíssimo na cidade de Porto Alegre. Em vez de nós resolvermos o problema, que V. Ex.ª tão bem traz aqui, de tratamento de esgoto e de resíduos nas vilas, nas “Biafras” de Porto Alegre, não; fazemos obras malfeitas, porque não foram estudadas previamente.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Malfeitas e ilegais, Vereador, porque é ilegal juntar o esgoto pluvial ao cloacal. V. Ex.ª tem alertado a todos nós, mas a Prefeitura insiste e continua fazendo essa ilegalidade.

 

O Sr. Adeli Sell: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Quero fazer uma correção ao Ver. Beto, dizendo que na Biafra não tem lixo.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Não tem lixo na Biafra aquela, mas na nossa tem.

 

O Sr. Adeli Sell: Em segundo lugar, sobre essa questão levantada pelo IPH, nós já marcamos uma reunião, fizemos uma reunião com o DEP e agora teremos uma reunião conjunta com o DEP/DMAE. E se V. Ex.ª observar bem os números - V. Ex.ª é um contador e sabe disso -, verá que há verba suficiente para fazer o que V. Ex.ª está reclamando.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Eu não entendi onde está a verba, porque, de um Orçamento de 19 milhões, não vai sobrar verba, e não tem nada para desassoreamento de arroios. Aqui tem o financiamento da Caixa Econômica, tem 3 milhões para ampliação e melhoria da rede pluvial em toda Porto Alegre. Três milhões não dá para um bairro - é impressionante!

 

O Sr. Beto Moesch: Apenas quero colocar a esta Câmara de Vereadores que a Comissão de Saúde e Meio Ambiente reuniu-se durante três horas e meia com o DEP, com o DMAE e com a SMAM para tentar solucionar o problema mencionado aqui, da Av. Diário de Notícias. Emitimos um ofício ao Sr. Prefeito pedindo a suspensão da obra até que os estudos sejam aprofundados, porque a própria SMAM e o DEP reconheceram que os estudos deveriam ser aprofundados, e sequer recebemos resposta.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Pois é. Eu acho que reuniões são feitas exaustivamente, mas nós queremos verbas. Nós queremos é dinheiro! Com 19 milhões, com os alagamentos, com o problema de assoreamento, com os problemas dos esgotos pluviais, e não se faz nada!

 

O Sr. Adeli Sell: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, V. Ex.ª vai entrar no debate que eu propus sobre a arrecadação e a tributação? V. Ex.ª é parceiro para nós resolvermos esse problema e termos mais dinheiro?

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sou parceiro, quando mudar a mentalidade. Nós temos que, realmente, fazer uma reforma tributária no nosso Município, que tem as mais altas alíquotas, as mais altas taxas, que cobram numa fúria fiscal tributária e de multas impressionante. Acho que precisamos entrar na luta mesmo para atrair empresas com alíquotas mais atrativas e não jogar as empresas em outros Municípios, em outros Estados, deixando aqui o desemprego.

É uma lástima que isso aconteça. Sou parceiro sim, acho que temos muitas coisas a fazer no setor tributário para que a nossa Cidade se desenvolva e, aí, com o fruto do desenvolvimento, carreie mais impostos para o bem da nossa Cidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): A Ver.ª Maristela Maffei solicita Licença para Tratamento de Saúde no dia de hoje.

 

(Obs.: Foi apregoado o Requerimento de Licença da Ver.ª Maristela Maffei e dada posse à Suplente, conforme consta na Ata.)

 

O Ver. Carlos Pestana está com a palavra para discutir a Pauta Especial.

 

O SR. CARLOS PESTANA: Ver. Paulo Brum, na presidência dos trabalhos, venho fazer a minha intervenção, aqui, sobre a questão do Orçamento, fundamentalmente sobre a questão da habitação.

Pude observar aqui que vários Vereadores que me antecederam, não só no dia de hoje, mas nos outros debates que aconteceram nesta Casa sobre a questão do Orçamento, fazem questão de registrar a redução de investimentos que houve em algumas Secretarias do Município. Infelizmente, não registram o forte crescimento de investimentos que aconteceu no Departamento Municipal de Habitação, fundamentalmente na questão da habitação popular. O Orçamento do DEMHAB, do ano passado, era um Orçamento em torno de 36 milhões. Neste ano, estão previstos 48 milhões em investimentos. Isso vai ao encontro do desejo, da manifestação do Orçamento Participativo.

 

 O Sr. João Antonio Dib: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Pestana, esse investimento do DEMHAB é com recursos próprios ou por financiamento? Ou é aquele dinheiro dos CDBs?

 

 O SR. CARLOS PESTANA: Parte dos recursos, Ver. João Dib, são recursos de financiamentos - e, obviamente a Prefeitura vai honrar o compromisso -; outra parte, boa parte deles são recursos do Orçamento do Município. Mas, como eu vinha dizendo, esse aumento de quase mais de 30% no investimento do Departamento Municipal vai ao encontro de uma reivindicação da população de Porto Alegre. Aí eu queria destacar dois itens, Ver. Luiz Braz, que é um Vereador que, normalmente se preocupa muito com esse tema da habitação. Primeiro, fica o registro de que esse investimento que a Prefeitura está fazendo é um investimento que demonstra a prioridade da habitação para este Governo, para esta Administração. O segundo aspecto mais importante, mais significativo, é o que demonstra que a população de Porto Alegre, em particular a população de baixa renda, acredita, aposta, reconhece, na Administração Popular, uma administração com uma política habitacional para o nosso Município. Por essa razão, nos últimos anos, reiteradas vezes a população de Porto Alegre, que participa, através do Orçamento, tem manifestado a habitação como a sua prioridade número um. Penso que esse é o segundo aspecto ao qual esta Casa deveria estar atenta. O primeiro, que é identificar, reconhecer, neste Governo, uma preocupação forte com a habitação popular e, segundo, verificar que a população de Porto Alegre reconhece neste Governo, identifica neste Governo uma política habitacional capaz de atender a população de baixa renda.

 

O Sr. João Carlos Nedel: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ilustre Ver. Carlos Pestana, efetivamente, eu não conheço a real política habitacional de Porto Alegre. Eu gostaria que V. Ex.ª me desse uma cópia dessa política, dessa estratégia, dessa visão habitacional para Porto Alegre.

Mas eu me preocupo mesmo é que, com os raros conjuntos habitacionais, o DEMHAB insiste, em vez de no direito de propriedade, no direito real de uso. Insisto com isso, porque acho que isso é a estatização da propriedade e não a liberdade, a dignidade da pessoa humana de ter a sua casa própria.

Hoje a política do Município é que as pessoas paguem um aluguel eterno e nunca sejam proprietários. Eu me preocupo com o direito de propriedade.

 

O SR. CARLOS PESTANA: Ver. Nedel, eu queria só colocar, primeiro, que não são tão poucos conjuntos e nem tão poucas casas. Nós já fizemos, neste período da Administração Popular, mais de dez mil unidades habitacionais em Porto Alegre.

Num dos debates, nesta Casa, foi questionado - e, infelizmente, não me deram aparte, naquele momento, para poder responder – quantas vilas, quantos lotes nós já havíamos regularizado em Porto Alegre. Quero informar que só na última gestão – quando tive o prazer e a oportunidade de dirigir aquele Departamento – nós regularizamos mais de quatro mil e quinhentos lotes em Porto Alegre.

Mas, Ver. Nedel, quero registrar que a concessão, antes de mais nada, foi um direito que a população de baixa renda conquistou. Foi um direito, porque eram pessoas que viviam em áreas públicas, fundamentalmente em praças, e que, se não tivessem esse direito consagrado aqui na nossa legislação municipal, certamente estariam sujeitas a serem despejadas. A concessão também viabiliza, fundamentalmente, que aquelas pessoas que não tinham recursos para adquirirem uma casa tenham condições de ter acesso à moradia, o que, de fato, é a nossa preocupação.

Retomando a questão do Orçamento, eu quero registrar que, com os recursos que estão previstos no Orçamento do Departamento Municipal de Habitação, que contemplam a prioridade número um do Orçamento Participativo, a prioridade número um da população de baixa renda, vai ser possível, além de dar seqüência a esse Projeto - parte dele estaremos discutindo logo após o encerramento da Pauta Especial, que é o Projeto Entrada da Cidade -, dar oportunidade para construirmos o Condomínio Zero Hora, pavimentarmos o conjunto de loteamentos do Departamento e uma série de obras do Orçamento Participativo. Quero registrar que, na época em que eu era Diretor do Departamento, tive a oportunidade de participar da Associação Brasileira das COHABs, e, através dela, conhecer o conjunto de realidades existentes em nosso País na área habitacional.

Quero lançar um desafio a esta Casa: que haja neste País algum Município, alguma administração popular na esfera municipal que tenha investido tanto em habitação popular, habitação de baixa renda nesses últimos anos como a Administração de Porto Alegre. Proporcionalmente aos recursos que arrecadamos, não há, neste País, uma cidade, um Município que tenha investido tanto em habitação popular como Porto Alegre.

 

O Sr. João Antonio Dib: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Pestana, eu ouço com atenção V. Ex.ª, mas devo dizer que, antes das administrações petistas, nós realizamos muitas vezes mais, e obras de porte, em que o indivíduo recebia um lar, uma casa decente e não 32 m2.

 

O SR. CARLOS PESTANA: Ver. João Dib, também profundo conhecedor das questões da Prefeitura, V. Ex.ª sabe que em épocas passadas a situação financeira era bem mais confortável. Mesmo assim, apesar de toda a política federal, que está inviabilizando recursos para a casa popular, a Prefeitura, através do saneamento financeiro que conquistou ao longo dessas administrações, conseguiu buscar recursos externos, que estão viabilizando investimento extremamente significativo nessa área da habitação popular. A maior informação que poderíamos passar é aquela que foi colocada pelos órgãos oficiais, pelo IBGE, Ver. João Dib, quando fez a pesquisa nas quatorze principais capitais do País. E faz um comparativo entre 1991 e 2000. Infelizmente, aqui, os meios de comunicação não deram a devida divulgação a essa pesquisa, pela qual chegam à conclusão de que Porto Alegre, do ponto de vista da gravidade dos problemas habitacionais, estava colocada em quarto lugar, em 1991; e, em 2000, passa para a décima quarta colocação. Os jornais do centro do País fizeram uma longa reportagem que identifica o Município de Porto Alegre, em particular o Departamento Municipal de Habitação, como uma referência nacional em política habitacional. Foi uma das cidades que melhor resistiu à política de desemprego, que está aumentando a ocupação de áreas irregulares, a criação de novas vilas. Por isso eu sempre coloco e sempre afirmo que tive e tenho o maior orgulho de ter passado pelo Departamento Municipal de Habitação no papel de Diretor, porque eu tenho a certeza de que, hoje, nós produzimos a melhor política habitacional do nosso País. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Zé Valdir está com a palavra para discutir a Pauta Especial.

 

O SR. ZÉ VALDIR: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, sobre a questão que o Ver. João Antonio Dib levanta - investimento em CDBs -, faço somente duas considerações, porque não quero entrar nesse debate, em respeito ao Ver. João Antonio Dib. Eu quero pesquisar alguns dados técnicos sobre isso. Mas há, evidentemente, uma polêmica, uma divergência política sobre isto: o que é ser ou não eficiente.

Outro aspecto que o Ver. João Antonio Dib poderia levantar, mas não levanta, porque é um Vereador sério, é que, se isso está tão errado, certamente está ferindo o art. 37 da Constituição, que fala dos princípios da boa administração: princípios da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da publicidade e da eficiência. Certamente não fere esses princípios, porque, se ferisse esses princípios, o Ver. João Antonio Dib, certamente, recorreria ao Judiciário. Mas, como o Ver. João Antonio Dib não é daqueles Vereadores que fazem aventuras jurídicas, como alguns fizeram - e se deram mal, inclusive colocaram mal esta Casa -, certamente ele sabe que esse é um debate eminentemente político, pois não está sendo ferido nenhum princípio da boa administração, daqueles previstos constitucionalmente.

Quero abordar também, en passant, talvez porque seja o último debate do qual participo neste curto momento de exercício da vereança, aqui, neste mês, a discussão suscitada pelo Ver. Pedro Américo Leal, que, reiteradamente, no Orçamento e fora do Orçamento, vem levantar um debate e fustigar, como ele gosta de fazer, as hostes petistas: o debate da questão do Estado de Direito. Vereador, a questão do Estado de Direito tem tudo a ver com o Orçamento, e não foi à toa que V. Ex.ª, às vezes, até discutindo sobre o Orçamento, levantou a questão, porque, hoje, muitos que levantam essa questão, levantam-na pelo viés completamente equivocado. Parece que ameaçam - aliás está muito em moda ter medo de tudo: medo da democracia, medo de eleições, etc. -, mas parece que recorrer ao Judiciário, utilizar o Judiciário é uma afronta ao Estado de Direito, quando, na verdade, é o Estado de Direito; é o direito que as pessoas jurídicas ou físicas têm de recorrer ao Judiciário para dirimir questões, como esta Casa várias vezes fez. Por que eu digo que isso tem a ver com o Orçamento? Porque a discussão do Orçamento só pode existir dentro do Estado de Direito, sendo que fora do Estado de Direito toda a discussão do Orçamento é uma ficção, é uma discussão “para inglês ver”, porque a própria produção do Orçamento já é feita de forma totalmente tecnocrática, e a discussão pelo Parlamento muitas vezes é feita por um Parlamento completamente subserviente e amordaçado.

Estado de Direito é podermos produzir uma peça orçamentária, trazer para o Legislativo para que ele faça as mudanças, e o Prefeito vetar ou não. E mais, é a soberania popular que estamos resgatando, porque também é um princípio constitucional, quando nós discutimos com a população, por intermédio do Orçamento Participativo, o qual está perfeito. Mesmo os críticos desse instrumento hão de admitir que ele está perfeitamente adequado ao princípio da legalidade, tanto que está prevista a discussão hoje, que é um avanço que colocamos na nossa Lei Orgânica, de que o Orçamento, para ser apresentado à Casa, tem de ser feito com discussão com a população, o que é um avanço em relação à forma tradicional de fazer o Orçamento.

Eu queria também abordar alguns pontos que foram levantados aqui pelo nobre Ver. Nedel. Essa discussão, Ver. Adeli, de como se arrecada é fundamental, realmente, para o Orçamento. Não adianta nós chegarmos aqui e dizermos que temos que dar mais verba para isso, mais verba para aquilo, porque tudo é uma questão matemática: se tu destinas mais verba para um item orçamentário, é óbvio que tens que tirar de outro; se o montante dos recursos é um montante menor, em função de uma queda de arrecadação, ou coisa do gênero, obviamente que as possibilidades de realização de obras e serviços são menores. Então, a discussão tão importante quanto destinar os recursos, atender as demandas da população, é trabalhar a questão da arrecadação, de onde saem esses recursos. E nós nos orgulhamos, realmente, de não adotar determinadas práticas - que eram muito comuns em governos anteriores - de perdão, perdão fiscal, que muitas vezes isso se constituiu, no passado, num incentivo àqueles que não queriam pagar os impostos, porque sabiam que lá na frente teriam alguma benesse, alguma forma mais favorável de pagar, o que se constituía em uma tremenda injustiça com aqueles que pagavam regularmente os seus impostos. Essa é uma questão.

Outra questão: todos os arautos da redução de impostos, todos aqueles que pregam que tem-se que reduzir os impostos foram governo e, quando foram governo, nunca fizeram isso. Houve um ano, numa disputa eleitoral, em que levantaram a idéia do imposto único; se não me engano era o PFL que levantava isso do imposto único. Pois estiveram no Governo Federal, inclusive, e nunca fizeram o tal do imposto único. Essa discussão é central na questão do Orçamento.

Por fim, duas coisas que eu quero falar, a partir da minha experiência de morador de periferia. Não me venham com essa história de que havia uma grande competência técnica para tratar. Vou pegar as duas questões suscitadas aqui: a questão do saneamento e a questão da habitação. Eu moro numa região que teve obras dos governos anteriores nessas duas áreas, que é a Vila Nova Gleba/Vila Célio. Lá, no início da década de 80, fizeram os apartamentos, apartamentos, Ver. João Antonio Dib, que não tem nada de qualidade. E não eram para resolver, como os nossos projetos habitacionais, problemas da classe. E eram para a classe média. Está lá, podem ver. Tivemos que corrigir todos os defeitos técnicos. Foram telhados malfeitos, à época, prédios rachados; colocaram material de quinta categoria, porque não tinha a fiscalização popular que tem hoje, Vereador.

 

O Sr. João Dib: Quem é que fez?

 

O SR. ZÉ VALDIR: Foram os governos anteriores. Mas tudo era maravilhoso antes! Foi na década de 80, Vereador. Eu fui para lá em 81, e estavam inaugurando os apartamentos. E não vou falar das casas que foram feitas bem antes, onde seus esgotos são na divisa dos terrenos. Agora entopem tudo e não tem nem como entrar um caminhão para resolver o problema dos esgotos entupidos. Isso foram barbeiragens técnicas enormes produzidas. Não me venham dizer que aqueles investimentos antes eram tecnicamente bem feitos.

E mais: a questão do esgoto. Fizeram o esgoto desembocando logo acima do nível da água. Então, a água do Arroio Feijó levanta e entope tudo, porque fizeram malfeito e agora estão sendo feitas as obras de correção. Por isso é que dá tanto alagamento na Gleba e o Ver. Nedel vai lá e fotografa. Mas esse problema é da época do governo dele, quando foi feita essa barbeiragem técnica. Então, vamos com calma! “Devagar com o andor” quando a gente fala em questão de eficiência, quando a gente critica e diz que tudo é malfeito porque tem o dedo da participação popular. Vamos com calma, porque é exatamente a participação popular que tem evitado que se cometam barbeiragens técnicas como essa que aconteceu lá, inclusive onde eu moro.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Ver. Zé Valdir, só quero lembrar a V. Ex.ª que não é permitido adesivo no peito. Nós vamos ter que rever a manifestação de V. Ex.ª. Eu só estou avisando-o. Vai ser revista, porque a penalidade não é só para a Casa, é também para V. Ex.ª. Então, nós vamos rever a sua manifestação e se porventura aparecer o adesivo... Só estou alertando V. Ex.ª. Não estou fazendo nenhuma censura. Button, pode. Só não pode referência ao “13”, “15”, “45”, “20”, “30”, isso não pode.

Queremos apregoar a Emenda n.º 01 aposta ao PLE n.º 058/02, de autoria do Ver. João Carlos Nedel. (Lê.) “Autoriza o Poder Executivo a contratar empréstimo externo junto ao Fundo Financeiro de Desenvolvimento da Bacia do Prata - FONPLATA.” “Inclua-se o parágrafo 3.º, no art. 1.º, com a seguinte redação:

§ 3.º - Aos adquirentes das unidades habitacionais construídas dentro do Programa Integrado Entrada da Cidade, Projeto de Habitação de Interesse Social, fica preservado o direito de propriedade sobre as respectivas unidades, após a quitação.”

O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para discutir a Pauta Especial.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente dos trabalhos, Ver. Paulo Brum, Sr.ªs Vereadoras, Srs. Vereadores, nós, com a limitação de um acordo, não vamos usar todo o tempo de dez minutos, mas queremos sublinhar que esta aparentemente simples discussão que fazemos do Orçamento - que se repete a cada ano, naturalmente, porque temos a cada ano de aprovar o Orçamento do ano posterior -, às vezes passa um pouco despercebida por nós mesmos a sua importância, mas temos que ter claro que o que nós fazemos, aqui, em Porto Alegre, quando discutimos este documento, é algo que repercute, Ver. Bosco, neste Estado, neste País e fora do País.

Há diversas pessoas, diversos cientista políticos, diversos estudiosos que fazem suas teses de mestrado, de doutorado, analisando a forma como o Orçamento de Porto Alegre é constituído, tendo em vista a sua nova forma de elaboração, com a participação da população.

Eu entendo que, quando discutimos o Orçamento, nós teríamos de, minimamente, abordar quatro questões: a forma como ele é feito, a destinação dos recursos, a questão da arrecadação dos recursos e, na verdade, o entrelaçamento que há entre o orçamento das unidades federadas, os Municípios, os Estados e a União.

Quando o Orçamento é feito de forma coletiva, como o de Porto Alegre, onde mais de cinqüenta mil pessoas participaram da sua elaboração... E o Ver. Elói, na outra Sessão, fazia uma crítica, que a parcela de decisão da população é pequena. Não está aí a verificar a parcela de investimento, porque nós sabemos hoje que os entes federados estão subsumidos numa carga de pagamento de pessoal e manutenção da máquina, mas aquilo que nós temos para investir no Orçamento de cada ano aqui em Porto Alegre é discutido pela população.

O resultado disso, Ver. Elói, é que nós temos, hoje, uma Cidade que tem o seu Orçamento absolutamente equilibrado. Essa discussão feita de forma coletiva, com a participação direta da população, com a imprescindível participação do Poder Legislativo, por meio da democracia representativa, possibilita, por exemplo, que Porto Alegre tenha a melhor política salarial de todos os Municípios do País; níveis de endividamento extremamente baixos e recursos para trabalhar a questão da inclusão social.

Mais do que tudo isso, através da radicalização da democracia, por meio da participação popular, Ver.ª Sofia, nós fazemos uma verdadeira escola de cidadania. Possivelmente, hoje, Ver. João Dib, quando o Brasil estuda uma nova forma de gestão pública, esse trabalho de que nós aqui participamos, junto com a população, fazendo com que o Orçamento não seja uma caixa-preta, fechada e que todo o cidadão nesta Cidade tenha acesso na sua elaboração, é hoje, talvez, a principal ferramenta, é a principal política pública por um novo modelo de gestão, que já transcende as fronteiras do nosso País.

Eu vou citar um exemplo bem simples, Ver. João Dib, que gosta de coisas bem pragmáticas: a cidade de Curitiba. Todos pensam na cidade de Curitiba como exemplo de Cidade bem organizada, de Cidade bem planejada. Pensam isso apenas aqueles que não conhecem a cidade de Curitiba. Lá, o Orçamento é feito pelo Prefeito, com os seus Secretários, com a sua administração, o que não tem nada de ilegal, o que não tem nada de inconstitucional. Se visitarmos, Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras, as vilas da cidade de Curitiba, vamos verificar que apenas o Centro se organiza e que os arrabaldes, que as vilas pobres têm deficiências fundamentais em saneamento, em questões de habitação, em questão de pavimentação, enfim, as pessoas pobres, porque não há uma inversão de prioridades e elas são colocadas de lado nesse processo.

Um outro ponto de vista, que é importante analisarmos, é a questão da destinação dos recursos. Nós verificamos, hoje, por exemplo, que no Orçamento da União mais de 50% do que é arrecado da população brasileira é destinado ao pagamento de serviços da dívida.

Atrás de cada discurso sempre há uma ideologia. Se atrás de cada discurso há uma ideologia, imaginem os senhores o que há atrás de um Orçamento Público. O que tem atrás de um Orçamento? Porque ele expressa, no final, a posição de um Estado, seja ele a União, um Estado Federado, ou sejam os Municípios, na sua visão de onde devem ser aplicados os recursos públicos. O Orçamento da União, por exemplo, hoje, destina 50% do que arrecada para pagamento de serviço da dívida, diferentemente, logicamente, de Porto Alegre e também de outras cidades administradas ou não pelo Partido dos Trabalhadores.

Eu quero agora me referir a um documento que foi liberado pelo Ver. Sebastião Melo, onde ele faz acusações. Eu estou falando agora em arrecadação, Ver. João Dib, arrecadação de tributos. Eu não quero simplificar o debate e dizer, por exemplo, que o Ver. Sebastião Melo é contumaz em declarações irresponsáveis. Isso é desnecessário. O Ver. Sebastião Melo, como lhe é característico, sempre faz uma mistura de assuntos, gerando confusão, criando uma polvadeira, sempre acusando a Administração Municipal na busca de desgastá-la. Na sua última irresponsável investida, acusa a Administração de não cobrar ISSQN de banqueiros. O que o Ver. Sebastião Melo queria dizer é que uma Lei que foi proposta pelo ex-Vereador Pedro Ruas, brilhante advogado, que alterou a Lei que o Ver. João Dib tanto conhece, a Lei Complementar n.º 07, fazendo com que corretoras e instituições bancárias também tivessem que pagar sobre novos itens de atividades, ISSQN, não estaria sendo cumprida.

Ver. Zé Valdir, o Ver. Sebastião Melo acusou também o Conselho Municipal de Contribuintes de conivente com a situação, por estar subordinado politicamente à Prefeitura. Isso é uma absoluta mentira, e eu vou aqui agora dar os dados sobre essa matéria: Já era cobrado ISSQN das instituições bancárias e corretoras, entre outros itens, o ISSQN. Apenas, o ex-Ver. Pedro Ruas alterou a Lei n.º 07, nos itens 44, 46 e 48, retirando dos mesmos a expressão: “exceto a realizada por instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central”. A partir daí, a correta Lei do Ver. Pedro Ruas passou a ser exigível também nas administrações de fundos mútuos, nos agenciamentos, corretagens ou intermediação de títulos quaisquer, bem como agenciamento, corretagem ou intermediação de contratos de franquia e de faturação.

O Ver. Sebastião Melo acusou cidadãos honrados pertencentes ao Conselho Municipal de Contribuintes, uns funcionários concursados e outros não-funcionários, estes indicados pela sociedade civil, de não dar andamento aos processos, e passou de forma implícita a versão de nenhuma cobrança de ISSQN dos banqueiros, no que tange à matéria discutida.

Contrariamente ao que disse o Ver. Sebastião Melo, no período de janeiro de 1996 a setembro de 2002, foram lavrados trezentos e trinta e dois autos de infração contra duzentas e quinze agências bancárias ou corretoras. Desses, apenas um auto de infração foi cancelado. Noventa e dois autos de infração encontram-se em reclamação (recursos), perfazendo um total de 23 milhões, 120 mil, 798 reais e 52 centavos; estão em recurso junto ao CMC cento e cinqüenta e dois autos de infração, perfazendo um total de 25 milhões, 32 mil, 415 reais e 27 centavos; já estão inscritos em dívida ativa trinta e um autos de infração, perfazendo um total de 7 milhões, 52 mil, 751 reais e 34 centavos. Estão, Ver. Sebastião Melo, e quero informar a V. Ex.ª - que não tem, talvez, esta informação - já em execução fiscal, trinta e oito autos de infração, nesses itens que V. Ex.ª escreveu num panfleto, que não é apócrifo; V. Ex.ª assinou o panfleto e disse que não cobrávamos esses tributos, não sei se por desconhecimento, por maldade, ou para fazer proselitismo político. Perfazendo um total de 18 milhões, 928 mil, 555 reais e 11 centavos. E já há, inclusive, Ver. Sebastião Melo, pagos em torno de 12, que venceram todas as etapas, sejam de recursos administrativos, sejam de recursos judiciais, perfazendo 1 milhão, 366 mil, 176 reais e 44 centavos.

Portanto, a Lei que foi proposta e aprovada por esta Casa, de autoria do nobre ex-Vereador Pedro Ruas, está em perfeita execução, e o nosso Governo não faz aquilo que o Ver. Sebastião Melo disse de forma mentirosa, ou por desconhecimento. Torço para que seja por desconhecimento, pois do contrário seria uma prova de má-fé, coisa que o Vereador, acredito, não demonstre ao longo de sua trajetória como militante social e como militante do seu Partido.

Ou seja, queremos dizer que a Lei está sendo cumprida; o nosso Governo não discrimina contribuintes.

Finalizo, entendendo que é preciso fazer uma alteração na Planta de Valores que encontra-se defasada. Muito mais do que a proposta que ora tramita, para fazer com que aqueles que ganham mais paguem mais, e aqueles que ganham menos paguem menos. Proposta a que V. Ex.ª, de forma contumaz, tem-se colocado contra aqui nesta Casa. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Queremos registrar a visita da Associação Cristã de Moços – ACM Cidade Baixa. São trinta e cinco alunos da 3.ª e 4.ª séries. Queremos saudar também as professoras Naira Ferreira e Solange Claro. Essa atividade faz parte do Projeto de Educação Política que o Memorial desta Casa realiza junto às escolas e entidades de Porto Alegre e da região Metropolitana. Sejam todos bem-vindos. (Palmas.)

 A Ver.ª Clênia Maranhão está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente dos trabalhos, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, queria saudar a comunidade porto-alegrense e as crianças pela presença, e trazer uma simples síntese, um relato de uma experiência que vivi ontem e que acredito que se reveste da maior importância para a nossa Cidade.

Ontem, no Instituto Histórico e Geográfico, o Coordenador de uma pesquisa sobre Porto Alegre apresentou o índice social da Cidade, um atlas, que mostra a realidade sócio-econômica de Porto Alegre, uma pesquisa que tenta trabalhar a Cidade do ponto de vista geopolítico e que traz uma série de dados que, acredito, esta Casa deve sobre eles se debruçar.

Há uma pesquisa realizada pelo geógrafo Gervásio Neves, Presidente do Instituto, e ex-Diretor do IBGE, que nos elucida uma questão extremamente relevante para a definição de políticas públicas para esta Cidade. Mostra-nos, por exemplo, que uma parcela significativa da população do Centro da Cidade é formada por idosos. A concentração dos jovens na faixa de zero a dezenove anos é, fundamentalmente, na periferia, nos bairros Restinga, Lomba do Pinheiro, Protásio Alves e Serraria.

Não tem sido construída em Porto Alegre uma definição, por parte do Executivo, de aplicação de recursos públicos, considerando o mapeamento social da realidade da Cidade. Acho que a apresentação do Atlas Social de Porto Alegre nos traz um forte indicativo de que nessas áreas da comunidade apontadas no mapa, como, por exemplo, a área das ilhas, onde, nos dez últimos anos, houve um crescimento da população com rendimento abaixo do salário mínimo. E o mapa nos mostra ainda que nessa região das ilhas é onde se concentram as famílias que possuem um nível de vida que é muito mais baixo do que a média do conjunto da Cidade. Não se tem percebido uma aplicação de uma política pública que contemple essa realidade, que é um diagnóstico regional de Porto Alegre, onde aponta o nível de escolaridade, a composição geográfica, o nível de renda da família, as mulheres que chefiam a maioria das famílias, que são, exatamente, as famílias de baixa renda.

Eu acredito que essa elucidação, através de um mapa social de Porto Alegre, que nos define as áreas de maior necessidade de aplicação de políticas públicas para a área social, tem que servir como subsídio na hora da votação dos Projetos desta Casa, já que o Executivo não se tem baseado na necessidade real da população, porque não se baseia num diagnóstico técnico para a aplicação dos recursos. Os recursos, em Porto Alegre, são aplicados - segundo a Bancada do Governo - através da disputa política estabelecida entre uma comunidade e outra nas reuniões do Orçamento Participativo.

Eu queria sugerir à Mesa Diretora desta Casa que solicitasse uma cópia desse material para que os Vereadores pudessem, de posse do mapeamento das necessidades sociais da Cidade, fazer uma análise crítica, com base em critérios técnicos, para avaliarem a política pública de Porto Alegre na área social. Quem sabe assim poderemos contribuir para que Porto Alegre possa definir uma política pública através da verdadeira necessidade social dos moradores dos diversos bairros.

Ficou provado que em Porto Alegre existem três “porto alegres”: a Porto Alegre do Centro, a Porto Alegre dos bairros ricos e a Porto Alegre das periferias longínquas, onde a família, evidentemente, não conta com a política pública, porque o critério técnico não tem sido a base da decisão da política social da Prefeitura nos últimos anos nesta Cidade. Obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Passamos à

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

(05 oradores/05 minutos/com aparte)

 

1ª SESSÃO

 

PROC. 4538/01 - SUBSTITUTIVO Nº 02, que dispõe sobre a prestação de serviços e comercialização de produtos provenientes de Programas de Trabalho Educativo com Geração de Renda para adolescentes e jovens das entidades governamentais e não-governamentais inscritas no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA), ao PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 293/01, ambos de autoria da Ver.ª Sofia Cavedon.

 

PROC. 3004/02 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 005/02, que dispõe sobre a utilização do solo urbano no Município, adequando-o ao cumprimento da função social da propriedade, e regulamenta os artigos 203 a 206 da Lei Orgânica Municipal.

 

PROC. 2940/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 188/02, de autoria do Ver. José Fortunati, que concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor Jaques Bacaltchuk.

 

PROC. 3003/02 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 004/02, que concede incentivo para a manutenção da atividade agropecuária e preservação ambiental no Município, e introduz correções no cadastro imobiliário do Imposto sobre a Propriedade  Predial e Territorial Urbana (IPTU).

 

PROC. 3020/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 190/02, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que denomina Rua Antonio Pedro Baldasso um logradouro público cadastrado, localizado no Bairro Mário Quintana.

 

PROC. 3021/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 191/02, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que denomina Rua Alberto Bay um logradouro público cadastrado, localizado no Bairro Mário Quintana.

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Adeli Sell está com a palavra para discutir a Pauta. Desiste. O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu gostaria de ver algumas coisas muito mais bem estudadas. Uma delas que eu gostaria de ver muito bem estudadas é o alcance da concessão do Direito Real de Uso. Eu só coloco essa afirmação aqui porque fazem muitas coisas sem que se vá a fundo na questão.

O Executivo Municipal tem aqui um Projeto que altera uma lei existente, que não recebeu meu voto favorável, porque, no entendimento deste Vereador, é uma maneira de confisco. Então o Executivo Municipal está alterando a Lei Complementar n.º 312/93, que, pelo visto, não levou o meu voto. Então o artigo 1.º dessa alteração, em que o Prefeito pretende adequar a propriedade territorial em função do cumprimento da função social da propriedade, ele pretende adequar ao cumprimento da função social da propriedade... O artigo 1.º diz: (Lê.) “O Município de Porto Alegre, através dos Poderes Legislativo e Executivo, e com a participação da comunidade, conforme as diretrizes gerais fixadas na Lei Orgânica do Município, promoverá o pleno desenvolvimento da função social da Cidade, para garantir o bem-estar dos seus habitantes.” Quanto ao bem-estar dos habitantes, eu estou sempre ao lado de quem quiser promover, porque o político deve, acima de tudo, buscar a realização do bem comum. Parágrafo 1.º: (Lê.) “A função social da Cidade é compreendida como direito de acesso de todo cidadão às condições básicas de vida para presentes e futuras gerações.” Estou de pleno acordo e duvido que alguém não esteja. Parágrafo 2.º: (Lê.) “Para assegurar a função social da Cidade, o Poder Público promoverá e exigirá do proprietário do solo urbano, nos termos desta Lei Complementar, adoção de medidas que visem ao cumprimento da função social da propriedade, orientadas pelo disposto do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental.”

No art. 1.º está dito que a comunidade deve falar, além do Legislativo. Eu confesso que não fui procurado pela Prefeitura para dar a minha contribuição nesse tipo de Projeto. E eu tenho todas as dúvidas do mundo de que a comunidade tenha sido consultada. A comunidade não são aqueles que vão no Orçamento Participativo levados de ônibus pela Prefeitura; não, não são só aqueles. A comunidade é toda a coletividade porto-alegrense. Aqueles que têm o terreno também devem ser consultados. Eu não estou defendo que áreas sejam utilizadas para especulação imobiliária. Não, não defendo isso. Sou absolutamente contrário. Se alguém, na área central, tem uma área e está esperando a valorização para obter o maior preço possível, eu sou contra. Agora, se nós usássemos o Plano Diretor, não o atual, o anterior - desse eu não tenho dados -, mas aqui deve dar muito mais, porque o outro era muito mais restritivo do que esse. Se nós usássemos os índices, pura e simplesmente, sem nenhum acréscimo - e esse aqui dá para muito mais -, nós poderíamos tranqüilamente colocar em Porto Alegre, em excelentes condições, 2 milhões e 400 mil habitantes. Nós temos 1 milhão e 300 mil habitantes. Então, nós não temos pessoas, não temos adquirentes para essas propriedades que estariam sendo colocadas à disposição. Nós não temos compradores para isso aí, nós não temos usuários para isso aí. Então, é muito interessante que se ouça a coletividade, que se ouça o Legislativo, que se ouçam as pessoas que têm sensibilidade bastante para entender que o problema não é só fazer leis para confiscar terrenos.

Essa Lei n.º 312 foi, sim, aplicada; chegava a alíquotas de IPTU de 30%. Agora o Prefeito até está reduzindo, mas mesmo assim nós não temos habitantes em Porto Alegre para preencher todos os seus vazios. E, se nós não temos habitantes, não tem nada que dar função social para uma área para a qual não tem quem levar. Nós não temos compradores, e a Prefeitura não vai não vai pagar por essas áreas. A Prefeitura, pelo jeito, quer se apossar dessas áreas. Mas não é bem assim. Eu penso que esse Projeto deve ser muito examinado. Saúde e paz!

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra para discutir a Pauta. Ausente. O Ver. João Bosco Vaz está com a palavra para discutir a Pauta. Desiste. O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras, entre as proposições, em 1.ª Sessão de Pauta, encontra-se, Ver. João Dib, que não abordou o assunto, a questão da alteração da Lei que dispõe sobre a questão do Imposto Predial e Territorial Urbano.

Na verdade, não chega a ser uma alteração, porque o que está sendo feito - aquém do que eu acho que deveria, inclusive - é apenas uma correção de um equívoco desta própria Câmara de Vereadores, quando alterou, pela penúltima vez, a Planta de Valores em 1989. Eu falo última vez, Ver. João Dib, porque, na verdade, em 1999 a Planta de Valores foi alterada e pouca gente fala sobre isso, mas uma proposta – a meu juízo inconstitucional - do Ver. Isaac Ainhorn, colocou redutores, o que fez com que aquela alteração ficasse inviabilizada sob o ponto de vista fático, o que faz com que tenhamos, hoje, na verdade, uma imensa injustiça fiscal em nossa Cidade, porque é absolutamente claro que os imóveis lançados na Planta de Valores estão com os valores, em média - eu falo em terrenos, não em apartamentos - valorizados em 30% do valor venal, que é o que determina a legislação federal.

Mas a alteração agora proposta é, tendo em vista que, por um problema de identificação de alguns logradouros, aqueles terrenos que ficavam na face dos quarteirões não tiveram o seu valor alterado em 1989, e, desde aquele momento, eles estão pagando menos valor de imposto, tendo em vista que não há uma alteração da Planta de Valores e só agora estamos conseguindo sanar essa verdadeira injustiça quanto aos demais contribuintes, tendo em vista que as faces dos quarteirões, aproximadamente 2% dos imóveis da nossa Cidade, permanecem com valores anteriores à penúltima alteração da Planta de Valores, essa é, na verdade, a primeira alteração, uma questão de justiça fiscal com os demais contribuintes, porque não é possível que o terreno colocado ao lado, não sendo face de quarteirão, tenha um valor na Planta de Valores superior e alguns casos. Inclusive, há algumas faces de quarteirões com o metro quadrado colocado a 32 centavos, fazendo com que o imposto a ser pago, em grande número de casos, não passe de 5 reais.

Essa é apenas uma conversão de ordem técnica, e a outra, Ver. Zé Valdir, é uma questão muito importante. Com a questão do término da área rural, foram lançados valores de impostos de IPTU àquela região, que estão sendo alterados neste momento. Até a alteração do zoneamento em nossa Cidade, a Região Sul da Cidade pagava ITR, e o menor valor de ITR era o valor de 30 centavos por metro quadrado. E o que estamos agora alterando é para fazer com que aquela zona toda, imóveis que tenham até 30 hectares e que tenham produção primária, fique absolutamente isenta do pagamento do IPTU, ou seja, valorizando a produção primária em nosso Município.

De outra parte, a menor alíquota que era cobrada no ITR está sendo estipulada para todos os demais imóveis da zona antes considerada rural. O Ver. João Dib, tão atento, não abordou essa questão, mas preciso colocar que os moradores da região sul, que antes faziam parte da zona rural, não precisam ter nenhuma preocupação, porque o que nós estamos fazendo, na verdade, é diminuir o imposto, ou seja, aqueles valores que estavam sendo lançados até agora na área antes considerada área rural passam a ter a menor alíquota, Ver. Nereu D’Avila, que era cobrada no ITR antigamente. Portanto, há uma redução de IPTU para aquela região.

Além de sanear essa questão da tributação, faz com que se tenha o reconhecimento da importância daquela região da Cidade na produção de produtos primários para a nossa Cidade e para toda a Grande Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): O Ver. Zé Valdir está com a palavra para discutir a Pauta. Desiste. A Ver.ª Maria Celeste está com a palavra para discutir a Pauta.

 

A SRA. MARIA CELESTE: Sr. Presidente dos trabalhos, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, o que me traz à discussão de Pauta, nesta Sessão, é o Substitutivo n.º 2, de autoria da Ver.ª Sofia Cavedon, que dispõe sobre a prestação de serviços e comercialização de produtos provenientes de programas de trabalho educativo e geração de renda para adolescentes e jovens das entidades governamentais e não-governamentais inscritas no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente. Analisamos esse Substitutivo, porque o primeiro Projeto proposto em Pauta pela Ver.ª Sofia Cavedon trouxe alguns itens necessários a uma observação maior, a uma discussão maior.

O que fez a Ver.ª Sofia Cavedon? Agora conversamos informalmente no Plenário, e dizia ela que havia mandado para o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente para que se fizesse uma avaliação, para que se desse um parecer sobre esse Projeto, já que é uma matéria que diz respeito à infância da nossa Cidade. Recordo-me de que estamos com um Projeto para ser votado, desde o ano passado, de autoria também da Ver.ª Helena Bonumá, e que fala exatamente no aspecto de que em todas as matérias que forem tratadas nesta Casa, em todos os projetos referentes à infância e à adolescência, deve ser respeitado o órgão que trabalha com essas questões na Cidade. Eu fico muito feliz com o gesto da minha companheira de Bancada, Ver.ª Sofia Cavedon, que já coloca na prática um Projeto que nós aqui, os Vereadores, ainda não tivemos a coragem de colocar em votação e a ousadia de colocar em prática na Cidade, isto é, respeitar as instâncias que, efetivamente, trabalham, no seu quotidiano, a questão da infância e da adolescência na Cidade, ouvindo o seu parecer sobre o Projeto.

Pois bem, a Ver.ª Sofia Cavedon apresenta-nos hoje um Substitutivo que traz uma questão bastante importante em cima daquilo que os conselheiros do CMDCA alertaram sobre o Projeto. Quais são essas questões? Nós já temos em Porto Alegre o Fórum Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, eu diria que um braço desse Fórum, que se chama FORTE, que são quarenta instituições que trabalham, que discutem sobre a questão da geração de renda, do trabalho educativo para os nossos adolescentes dos dezesseis aos dezoito anos. Em contato com essas instituições que trabalham a questão dos projetos na área de padaria, confecção, artesanato, marcenaria, informática, entre outros, essas instituições, por bem, acharam melhor apresentar a proposta que hoje trazemos para esta discussão. Importa salientar que o trabalho educativo deve ser feito, efetivamente, como dizem as duas palavras: trabalho educativo. Muito mais do que a geração de renda, muito mais do que o lucro, muito mais do que o dinheiro que os adolescentes vão receber nesse Projeto, eles estão-se preparando, efetivamente, para uma profissionalização adequada para a sua etapa de vida posterior. Por isso é tão importante um projeto nessa área, e Porto Alegre vem, há muitos anos, desenvolvendo, aperfeiçoando políticas sociais na área social, visando à melhoria na qualidade de vida das crianças, dos adolescentes, e aí eu quero salientar outros projetos que já vêm sendo implementados, como o NASF - Núcleo de Apoio Sócio-Familiar -, como o SASE - Serviço de Apoio Sócio-Educativo -, como o Serviço de Educação Social de Rua, e muitos outros projetos.

Lembro a Sessão que nós tivemos aqui ontem, em homenagem ao Dia da Criança, sendo que nessas galerias, neste Plenário estavam as instituições que efetivamente trabalham com a criança e o adolescente no Município de Porto Alegre. As instituições governamentais, as representações das instituições não-governamentais, os meninos e meninas de rua que já trabalham projetos de geração de renda como esse, as creches conveniadas, creches não-conveniadas com o Governo Municipal, e quero salientar a importância de nós termos momentos como esse nesta Casa, a importância de termos crianças e adolescentes aqui apontando para nós e lembrando que cabe a nós, legisladores, a responsabilidade efetivamente de implementar políticas públicas e projetos para a área da infância na cidade de Porto Alegre.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras. Eu chamaria a atenção para esse Projeto de autoria do Executivo que concede incentivo para a manutenção de atividade agropecuária e preservação ambiental no Município e introduz correções no cadastro imobiliário do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana. Nós sabemos, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que havia em Porto Alegre a denominada área rural. Sobre a área rural do Município de Porto Alegre incidia o Imposto Territorial Rural que era de 0,03%. Pois bem, agora vem o Executivo e estende essa alíquota mas estabelece uma exclusão à residência do proprietário - chamo a atenção sobre esse detalhe -, e também aquelas construções que não estiverem afetas diretamente à atividade agropecuária; da mesma forma isenta a propriedade com menos de 30 hectares, mas exclui, Ver. Zé Valdir, a residência e aquelas obras, enfim, que não estejam diretamente ligadas à produção. O que não acontecia ao abrigo do Imposto Territorial Rural, que estabelecia a alíquota de 0,03% sobre a propriedade, como se a residência do proprietário pudesse ser tirada da relação dele com a sua atividade. Então, é um Projeto que temos que examinar profundamente. Parece-me que a residência do proprietário de uma área explorada em atividade rural não pode ser tratada diferente. Então, o Executivo dá com uma mão e tira com a outra com muita força, porque estabelecerá sobre essa residência, sobre essa construção, essa dependência não relacionada diretamente com a atividade, ele vai estabelecer um percentual que vai cobrir e ultrapassar os 0,03%.

Lá, no artigo 4.º se introduz um reajuste no IPTU. Essa é a verdade: há um aumento do IPTU no art. 4.º, quando diz que os imóveis integrantes das faces do quarteirão do anexo 1.º terão os mesmos preços unitários do metro quadrado de terreno de face de quarteirão que apresentam características e localização semelhantes. Bem, se querem praticar a igualdade, muito bem, aí até pode-se discutir esse aspecto; agora, tem que se examinar toda uma série de componentes que integram esses terrenos dentro desse quarteirão. Então, está-se fazendo aqui uma igualdade para cima. Ou seja, aquele terreno localizado no n.º 10, que tem o IPTU “x”, e aquele outro terreno no n.º 30, que tem um décimo do IPTU, vai ser igualado àquele.

Então, há um aumento, há uma receita, há o crescimento da receita do IPTU em relação à Legislação Federal passada, porque se exclui a residência do proprietário, se excluem construções que não estejam diretamente ligadas à exploração agropecuária. Então é um Projeto, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, sobre o qual devemos travar um grande debate no sentido de manter aqueles parâmetros, já que se alterou, já que se derrubou a área rural do Município. Nós não podemos permitir, pelo menos no campo fiscal, no campo arrecadatório, que haja uma sobrecarga ao titular da propriedade que se encontra na antiga área rural.

 

O Sr. Juarez Pinheiro: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Elói Guimarães, eu estava no Setor de Taquigrafia e não ouvi toda a sua intervenção, mas acho que há um grande equívoco, pelo menos na parte final. Não sei se V. Ex.ª teve tempo de passar os olhos no Projeto, mas na verdade há duas alterações apenas nessa proposta. A primeira diminui a tributação na área rural, que tinha valores em patamares superiores, nós estamos colocando a menor alíquota, que era a do ITR; a menor, porque esse era um patamar inicial quando ainda era área rural e tinham alíquotas maiores. Nós estamos trazendo a menor para toda aquela região. Então, não há aumento, há redução de imposto. De outra parte, as faces de quarteirões em 2% da Cidade não foram alteradas em 89, gerando uma imensa injustiça fiscal. V. Ex.ª, estudioso e conhecedor da matéria, precisa observar melhor pois há uma redução de tributação e não aumento de tributação.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Eu fazia um paralelo, Ver. Juarez Pinheiro, com o ITR - Imposto Territorial Rural – que era cobrado 0,03%, incluindo a residência do proprietário e determinadas construções que estivessem localizada na referida área. Então, nessas construções também se exclui a residência. Então estamos dando com a mão e podendo estar tirando com a outra, na minha opinião, com mais força. Mas vamos debater o assunto para deixá-lo, evidentemente, bem claro. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): A Ver.ª Sofia Cavedon está com a palavra para discutir a Pauta.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente dos trabalhos, Ver. Paulo Brum, Srs. Vereadores, Sr.ªs Vereadoras, sobre o tema que falava o Ver. Elói Guimarães, é importante que fique claro que não se trata, não vamos de novo cair, quando discutimos o IPTU, no reducionismo que muitas vezes se tenta fazer aqui na Casa, dizendo: “Olha, querem aumentar o IPTU.”

Não dá para fazermos um debate dessa forma. Nós, o Governo está propondo e que o Juarez já explicitou, pequenas mudanças importantíssimas para a Cidade, que é a correção das alíquotas, vejam, de faces, não é do mesmo quarteirão, são faces de um mesmo quarteirão, na própria face ou na mesma face nós temos apartamentos que têm alíquotas diferenciadas e uma diferença não-pequenina, de um percentual pequeno, mas de muitas vezes maior. Apartamentos do mesmo tamanho, com as mesmas condições de localização, de infra-estrutura, têm impostos cobrados absolutamente diferentes.

Então, nós estamos cometendo injustiça com proprietários de apartamentos por não ajustarmos essa planta já há muitos anos.

Então, eu acho que esta Casa vai tratar dessa maneira e não apenas panfletariamente falando que se trata de aumento de impostos.

Isso é fundamental para a cidadania, é fundamental para o financiamento da Cidade e para a gente ter uma igualdade de tratamento das pessoas; pessoas que são beneficiadas com os mesmos serviços, pagam diferenciado o IPTU nesta Cidade e sem falar na questão da área rural que, se fôssemos, hoje, aplicar a lei, eles não têm a sua situação regularizada. Nós queremos regularizar e beneficiando, sim, quem preserva áreas nativas e quem produz, o produtor rural da nossa Cidade.

Mas eu queria também, ao discutir aqui a Pauta, seguir trazendo dados sobre o meu Projeto, Substitutivo, na verdade, ao meu Projeto, referente ao trabalho educativo de jovens.

Esse Substitutivo contempla a discussão que o Conselho Municipal da Criança e do Adolescente fez do Projeto inicial que entramos nesta Casa, e o Fórum de Entidades e, dentro do Fórum de entidades, o FORTE. O que é o FORTE? É o Fórum do Trabalho Educativo, uma organização que existe na Cidade de entidades que trabalham com adolescentes e o FORTE, Fórum de Entidades e o Conselho da Criança e do Adolescente discutiram o Projeto onde procuramos abrir espaço para os adolescentes que estão em aprendizagem do trabalho, onde prepondera a educação ao trabalho e à geração de renda, abrindo espaço nos eventos da Cidade para eles exporem seus produtos. E uma das contribuições que me vem do FORTE e do Fórum de Entidades é que nós deveríamos não só abrir espaço para a comercialização dos produtos, mas também dos serviços que o Forte, as entidades que trabalham com adolescentes oferecem aos adolescentes, a aprendizagem de diferentes serviços. E aí o serviço de garçom, o serviço de produção de evento, de recepção de evento, de digitação, de registro dos dados de um evento, que deveriam ser aproveitados nos eventos da Cidade. Então, nós estamos incorporando no Projeto, através do Substitutivo, a prestação de serviço, também na forma de aprendizagem, pelos jovens da nossa Cidade. Estamos também deixando muito claro, conceitualizando bem, o que significa trabalho educativo. Nós queremos que fique muito claro que não é uma exploração do trabalho jovem, do trabalho do aprendiz, mas que trabalho educativo entende-se por atividade laboral em que as exigências pedagógicas relativas ao desenvolvimento pessoal e social do educando prevaleçam sobre o aspecto produtivo. E aí prevemos no Substitutivo uma série de garantias para que isso aconteça, como é o acompanhamento pedagógico; como é a presença de profissionais especializados na área; como é a carga horária de aprendizagem muito maior do que o próprio processo de elaboração dos produtos. Então, é um Projeto, é um Substitutivo que conta com a participação de quem trabalha com adolescente, que aprimorou, certamente, o Projeto que nós propusemos na Casa. E queremos que a Casa avalie e o qualifique ainda mais para que seja um Projeto que realmente venha a contribuir com o adolescente pobre da nossa Cidade; que venha fortalecer a ação das entidades que trabalham com os nossos jovens e adolescentes, no sentido de oferecer-lhes alternativas e expectativas de futuro.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): O Ver. Paulo Brum está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. PAULO BRUM: Ver. Aldacir Oliboni, presidindo os trabalhos, Sr.ªs Vereadoras, Srs. Vereadores, ocupo o espaço de Comunicação de Líder para esclarecer um caso que houve antes das eleições de 6 de outubro, em que denunciamos desta tribuna que havia um candidato dizendo que teria sido o proponente do passe livre no trem metropolitano. Nós fizemos a denúncia e queremos provar na data de hoje que somente quem teria poderes para alterar esse convênio do passe livre do trem é a direção do TRENSURB e a Federação Rio-Grandense de Deficientes Físicos. Pois bem, Sr. Presidente, trago a público, ao conhecimento dos Srs. Vereadores, das Sr.ªs Vereadoras, do público que nos assiste no Canal 16 que, na data de ontem, este Vereador, na qualidade de Presidente da Federação Rio-Grandense de Entidades de Deficientes Físicos, assinou um aditamento do atual convênio, juntamente com o Presidente da TRENSURB, Sr. Pedro Bisch Neto. (Mostra documento.)

Queremos esclarecer, Srs. Vereadores, que com esse termo aditivo, que já é o segundo, as pessoas portadoras de deficiência que são atendidas pelo trem terão o direito de exercer esse benefício por mais um ano. Portanto, para esclarecer e para colocar os “pingos nos is”, reafirmo que só quem tem esse direito de intervir no convênio é a direção da TRENSURB e a Federação Rio-Grandense de entidades de deficientes físicos da qual, com muito honra e orgulho, eu sou o Presidente. Fica, Sr. Presidente, esse relato, esse esclarecimento. Nós denunciamos e estamos aqui reafirmando que o benefício que as pessoas portadoras de deficiência conquistaram ninguém vai tirar.

Por outro lado, quero aproveitar este tempo que me resta para parabenizar os meus amigos da Cia. Zaffari de Supermercados, que, ontem, inaugurou a sua vigésima quarta loja no Estado, lá na cidade de Caxias do Sul. Parabéns ao Zaffari. Parabéns ao Diretor Superintendente, caro amigo Marcelo Zaffari, à família; ao Airton, ao João, ao Cláudio, ao Ivo, por mais esta conquista para o Rio Grande.

Afirma o Sr. Marcelo Zaffari que “a serra gaúcha é a terra do meu pai”. É a terra do pai da família Zaffari. E que era um sonho da família poder construir, lá em Caxias, na terra natal do seu pai, essa loja. Portanto, a comunidade da serra gaúcha está de parabéns, porque terão lá também este atendimento, esta qualidade que o Zaffari proporciona a nós, porto-alegrenses. Parabéns à comunidade do Rio Grande por essa empresa genuinamente gaúcha, e que está mostrando que realmente vai ficar por muitos e muitos anos conosco.

Parabéns, mais uma vez, à família Zaffari, por mais essa conquista, e solicita o Ver. João Dib que também fale em seu nome, já que estou em período de Liderança, onde não são permitidos apartes, parabenizando a família Zaffari, parabenizando o Rio Grande por mais esta conquista que, sem sombra de dúvida, irá gerar mais emprego, mais progresso, mais desenvolvimento para o nosso Rio Grande. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra para uma Comunicação de Líder, pelo PHS.

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, tal qual como a política, a imprensa também aprende a conviver em regime democrático livre. Eu acho que nós somos livres pela democracia; ou não? Tal como a política, e imprensa também precisa conviver com a democracia, e para isso precisa praticá-la, mas seguidamente a imprensa é reprimida nas suas ações; seu trabalho é cerceado e principalmente por aqueles que no passado defenderam tanto a liberdade de imprensa. O problema disso tudo é que indistintamente todos os políticos ou os partidos são mais ou menos iguais ao chegar ao poder, e para isso fazem qualquer coisa: alteram os seus rumos nascidos na raiz de seus surgimentos e se sujeitam a alianças que nada têm a ver com a história daquele Partido. Mas a imprensa, apesar de algumas exceções, e os que ajudam no cerceamento dessa imprensa pertencem ao alto poder da comunicação... Logo de parte da imprensa. Se nas redações não houvesse ordens superiores determinadas sobre esse ou aquele assunto, aceitando a ingerência dos de fora, seguidamente políticos, claro que a imprensa teria maior força ainda para colaborar definitivamente com o real processo democrático.

Vamos votar aqui o pedido de empréstimo de 55 milhões para a obra da Entrada da Cidade num Projeto que, se realmente for executado, será fantástico para Porto Alegre. E Porto Alegre bem que merece uma entrada mais bonita para os visitantes, mas principalmente aquele povo que habita aqueles casebres dali merece, como todos, morar com um pouco mais de dignidade.

Eu não sou de estar aqui na tribuna discutindo muito sobre esse ou aquele projeto. Eu sou de ler o projeto, estudar o projeto sozinho e formar minha posição e votar. Eu voto sim, para que consigamos o empréstimo e apliquemos esse dinheiro para esse fim, deixando explicações a respeito da aplicação em CDBs, meu querido Ver. João Dib, logo ali adiante, depois de tudo pago em salários, 13.º, gratificações em todas as repartições públicas municipais, ou pista de eventos, etc. Eu voto sim pelo empréstimo.

Para aquele que diz que quando eu venho aqui eu faço uma resenha, eu quero aproveitar este meu tempo de Liderança, da minha Bancada - coisa engraçada essa de Bancada de um Vereador só –, e dizer da minha alegria ao saber que um dos candidatos ao Governo do Estado pretende determinar para Porto Alegre não um, mas dois ou três restaurantes populares, a feição daquela minha pedida logo que cheguei aqui na Câmara Municipal. Sonho meu não realizado, porque na época não aceitei a proposta do PT, precisamente do meu querido Ver. Estilac Xavier, de que se eu abrisse mão do Projeto ou o fizesse a quatro mãos, nós estaríamos com aquele projeto aprovado. O restaurante popular anunciado por um dos candidatos ao Piratini, então, virá de cima e não debates políticos ideológicos aqui na Câmara Municipal e muito menos estará sujeito a possibilidade de sair por mecanismos partidários, só partidários, como o Orçamento Participativo.

Já estou quase recuperado do tombo e começo a sentir de novo algumas emoções tão importantes para a minha vida, por exemplo: fugindo daqui, a emoção de mais um Gre-Nal de todos nós, sábado, e no domingo as eleições que, certamente, o Rio Grande do Sul, por já conhecer os caboclos e a aldeia, certamente não vai entrar na onda, mas de todo o céu que abençoa este País.

O Rio Grande do Sul, certamente, fará a sua parte. Por isso estou feliz, esperançoso e sem medo e, principalmente, sem mágoas e sem rancores.

Para encerrar, Sr. Presidente, o Engenheiro Amilcar Brunazo Filho, diz: “Não há indícios de irregularidades no processo da urna eletrônica, mas também não é possível garantir a sua lisura.” Isso é assunto para pensar, ouviu Ver. João Dib?

Quero cumprimentar, efusivamente, um empresário de Minas Gerais, Sr. José Alencar pelo seu posicionamento a respeito do MST. O empresário José Alencar tem uma visão absolutamente certa a respeito desse Movimento e poderá ser importantíssimo como instrumento para tirar da cabeça do Sr. Stédile o jeito dele pensar e agir quanto ao meio de reivindicar terras, com invasões e agressões. Que o empresário mineiro José Alencar, nesse caso, atinja os seus objetivos. Repito: o empresário mineiro é um homem sério e tem uma ótima visão a respeito do MST. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Marcelo Danéris está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: Sr. Ver. Paulo Brum, na presidência dos trabalhos, Sr.ªs Vereadoras, Srs. Vereadores, público que nos acompanha aqui pela TV Câmara. Nós, da Bancada do Partido dos Trabalhadores, posso também falar também em nome da Bancada da Frente Popular aqui da Câmara, pretendíamos, hoje, votar o Projeto Entrada da Cidade. Projeto que é importante para a cidade de Porto Alegre, que envolve em torno de 27 milhões de dólares; Projeto que beneficia mais de três mil famílias da entrada da Cidade e que tem um financiamento externo via FONPLATA.

Nós, obviamente, queríamos votar esse Projeto hoje por uma questão de prazos dentro do Senado, porque é um Projeto que precisa ir para o Senado, por se tratar de financiamento externo e por isso precisa ser aprovado pelo Senado. Como o Senado tem, mais ou menos, quarenta dias de funcionamento a partir da semana que vem, obviamente o prazo é curto para aprovar um Projeto de tal importância.

Tínhamos um apelo, aqui na Câmara, por parte de alguns Vereadores de oposição, que votar esse Projeto hoje, a quatro, cinco dias da eleição estadual, não seria bom, isso poderia ser usado de forma político-eleitoral. Nós, da nossa parte, garantimos a todos os Vereadores e Vereadoras da oposição que o Projeto Programa Integrado Entrada da Cidade já foi lançado no ano passado e, portanto, não há nenhum lançamento novo e sim apenas entregue para o Senado e, obviamente, ele é de domínio público, não há muito mais o que se dizer sobre isso, porque todos conhecem o Programa Entrada da Cidade.

Para demonstrar sensibilidade ao apelo da oposição e para demonstrar, principalmente, que não havia o interesse de uma exploração político-eleitoral neste período, nós aceitamos o pedido de Lideranças dos Vereadores de oposição para que o Projeto fosse votado quarta-feira da semana que vem. Esse acordo foi feito por nós, Liderança do PT, com o aceite do Ver. Luiz Braz, Ver. Isaac Ainhorn, Ver. Dib, Ver. Elói Guimarães, Ver. Reginaldo Pujol, que é o Relator das Comissões conjuntas desse Projeto, Ver. Záchia, Ver. Sebastião Melo. Inclusive nós cogitamos a possibilidade de uma Sessão Extraordinária na terça-feira, mas como o Ver. Isaac Ainhorn faz questão de estar presente na aprovação desse Projeto e o Ver. Elói Guimarães também teria dificuldade na terça-feira, ficou, então, para quarta-feira.

Há um gesto bom por parte da oposição, que demonstra sua vontade de aprovar e dar a sua posição sobre o Projeto Entrada da Cidade com a Câmara contribuindo na parte que lhe cabe contribuir. Há um gesto da situação em demonstrar que não quer tirar desse tema e desse Projeto tão importante para nós, nenhum proveito político-eleitoral, encontramo-nos, então, no meio do caminho, Ver. Luiz Braz.

Então, nos encontramos na Sessão de quarta-feira, onde nós vamos colocar em votação esse Projeto, aprová-lo com redação final e entregar ao Prefeito na própria quarta-feira. Até porque a Prefeitura precisa entregar o conjunto dessa documentação, com o Projeto aprovado, aqui na Câmara, na quinta-feira, para os representantes FONPLATA e também para enviar para o Senado. Então, penso que esse é um bom acordo, feito de forma tranqüila, onde as duas partes demonstraram interesse em aprovar um Projeto tão importante, principalmente, para aquela comunidade que quer ter o seu direito a uma habitação digna garantida. Precisa desse financiamento do FONPLATA, precisa da aprovação do Senado, para que, aprovado no Senado em novembro, nós tenhamos condições de dar encaminhamento a esse processo, liberando as verbas desse financiamento e já, a partir do ano que vem, dar prosseguimento, ainda mais ampliado, ao Projeto Integrado Entrada da Cidade. Porque hoje ele já está em andamento, parte dele, com as verbas do Habitar-Brasil, em torno de 9 milhões de reais, que começa naquela parte onde pega a Av. Voluntários da Pátria e aquelas pessoas que são catadores, que já estão invadindo a pistas e, obviamente, criando uma situação de risco, não só para os motoristas, mas, principalmente, para a comunidade que ali mora. É um Projeto importante, garante um galpão de reciclagem, garante creche, escola. É uma avenida e mais três ruas e mais de três mil habitações para uma vida digna para aqueles moradores, e que vai embelezar muito mais o entrar da Cidade.

Da nossa parte, cumpriremos o acordo. Há tranqüilidade dos demais Vereadores no cumprimento do acordo. Penso que foi bom para Câmara, bom para Porto Alegre e bom para as eleições em geral. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): Registramos a presença do Ver. Orlando, do PSB de Rio Grande.

O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, usamos a tribuna, nesta oportunidade, para fazer um registro que julgamos importante na área da pesquisa, da prospecção e da investigação da realidade social da cidade de Porto Alegre. Instrumento importante para a compreensão das intervenções públicas, em todos os sentidos, para melhorar a qualidade de vida da nossa Cidade.

No dia de ontem, sob os auspícios do Instituto de Responsabilidade Social - entidade não-governamental -, com apoio do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul e com o apoio da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul, foi lançado, na cidade de Porto Alegre, o Atlas Social de Porto Alegre, Atlas esse, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, com base nos dois recenseamentos levados a efeito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE: censos de 1991 e de 2000. A partir desses dois últimos censos, com esse grande número de informações, o Instituto de Responsabilidade Social fez esse Atlas Social da Cidade de Porto Alegre, dividindo a cidade de Porto Alegre em mil e quinhentos setores, fazendo uma ampla investigação da realidade social de nossa Cidade.

Nós, em nome da nossa Bancada, do PDT, e cremos que falamos em nome de todas as Bancadas desta Casa, fazemos o registro da importância do lançamento do Atlas Social de Porto Alegre, tendo como executor o Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul, com a participação do Geógrafo Gervásio Rodrigues Neves, coordenador deste trabalho levado a efeito pelo Instituto de Responsabilidade Social, onde figuras conhecidas estão presentes, trabalhando. As doutoras Beth Corbetta e Mariza Melzer, presentes neste trabalho, como dirigentes deste Instituto, lançaram, no dia de ontem, esse importante instrumento, que nos possibilitará as ferramentas necessárias, Ver. Elói Guimarães, para que nós, Vereadores da cidade de Porto Alegre, que temos uma atuação diária sobre Porto Alegre, tenhamos os números reais e interpretativos da realidade social de nossa Cidade e possamos, com base neles, fazer uma intervenção política, uma intervenção legislativa, uma intervenção para melhorar a qualidade a partir dos dados, porque se nós não fazemos uma reflexão sobre a realidade social, com base nos últimos censos, evidentemente nós não temos ferramenta de trabalho. E essa instituição não-governamental, o Instituto de Responsabilidade Social, vem nos oferecer esse Atlas Social de Porto Alegre, instrumento e ferramenta que julgamos extremamente importante tanto para o Poder Executivo, como, sobretudo, para o Poder Legislativo, para aqueles que, diariamente, atuam e desenvolvem trabalhos em torno da realidade social de Porto Alegre.

Portanto, queremos, mais uma vez, da tribuna desta Casa, fazer o registro da importância do lançamento do Atlas Social de Porto Alegre, aqui baseado exatamente nos dados, no estudo levado a efeito por geógrafos, por cartógrafos, estudiosos da matéria, que, efetivamente, vão proporcionar uma contribuição e uma importante ferramenta de intervenção social, de trabalhos, de projetos sociais, de estudos, reflexões e pesquisas. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente dos trabalhos, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, algumas vezes eu fico contente comigo mesmo por ver que idéias que eu mentalmente analisei e conclusões a que cheguei são corretas. Por exemplo, assim que eu estava lá no Executivo e iniciava como Secretário Municipal de Transportes, eu comecei a pensar sobre os acontecimentos políticos, e eu concluí que, depois da eleição, deveria começar a administração. E hoje eu vejo que estava absolutamente certo; então, hoje, eu estou satisfeito comigo mesmo. Na realidade, quando nós disputamos a eleição, nós queremos ganhar. O Partido disputa uma eleição visando à conquista do poder para a realização do bem comum. Se nós perdemos, temos de ajudar aquele que ganhou, porque o bem comum deve estar presente na vida de todos nós todos os dias. E a própria Lei Orgânica diz que, no caso do Município, o Legislativo e o Executivo são poderes independentes e harmônicos. Isso significa dizer que, juntos, temos de cuidar da Cidade. Então, encerrada a eleição, inicia-se a administração, e nós estamos prontos, ao lado do Executivo Municipal, para analisar esse Projeto que trata da entrada da Cidade. Mas eu devo dizer, desde logo, que hoje estamos atrapalhados no tempo, mas não é culpa da minha Bancada. Nós, desde o dia 1.º deste mês, estamos presentes no Plenário sempre. Sempre. Se não conseguiram quórum, não foi por nossa culpa. Então, quero dizer que estamos ao lado da Cidade. Ainda que eu tenha restrições à forma de apresentação do Projeto, não tenho restrições quanto à finalidade do Projeto. Claro, não há plantas elucidativas, a aritmética está falha, mas isso tudo pode ser consertado, não há problema algum.

Mas eu gostaria de dizer aqui alguma coisa sobre a concessão do Direito Real de Uso. Criticado por alguns, entendo que a concessão do Direito Real de Uso é a forma mais humana de dar moradia às pessoas menos aquinhoadas. Não fora essa fórmula, nunca teriam acesso à habitação, porque, se nós fizermos na forma que deve ser feita, de retornar o investimento, a pessoa não pode pagar. No que se refere à Vila Planetário – e já fiz um Pedido de Informações sobre isso -, as taxas que são pagas, ao longo de trinta anos, são ínfimas, e, no momento em que fiz um pedido de informações, já decorriam mais de quarenta e oito meses da inauguração da Vila. Não havia um único morador que estivesse quite com a tesouraria do DEMHAB. Nenhum. Imaginem se fosse nas normas do antigo Banco Nacional de Habitação ou nas outras normas que aí estão para aqueles moradores, não estaria mais lá nenhum deles. Imaginem também, se lhes fosse possível vender, se a maioria deles não teria vendido. E o elevadíssimo patrimônio do Município não deveria ser naquele lugar, na Vila Planetário, mas está lá, estaria em mãos de particulares que comprariam sem nenhum problema. Portanto, a forma mais humana de dar de morar é a concessão do Direito Real de Uso. Aquele que realmente deseja morar, levar a sua família, tem uma habitação condigna por uma taxa ínfima que ele pode pagar. Se ele morar trinta anos, e aí termina o Direito Real de Uso, o seu filho certamente o sucederá, não há nenhuma dúvida, ninguém vai tirar alguém que, durante trinta anos, morou direitinho, sem nenhum problema.

Então eu penso que a concessão do Direito Real de Uso é uma coisa boa, que deve ser permitida, mas nunca para aqueles que já estão com contratos outros transformar esses contratos em concessão do Direito Real de Uso; aí eu penso que não é correto, aí não está certo, mas, se for para fazer um evento novo, uma habitação nova, acho que é absolutamente correto, humano e viável. Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): Registramos as presenças dos seguintes Vereadores de Rio Grande, e lhes damos as boas-vindas: Ângelo Figueiredo, PSB; Surama Santos, PPB; Rudimar Marim, PL; Luis Carlos da Graça, PSDB; Renato Gomes, PPS; Ângelo Fernando, PSB.

O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Prezado Vereador Aldacir Oliboni, presidindo os trabalhos, Srs. Vereadores, Sr.ªs Vereadoras. Ocupo a tribuna, nesta tarde, para falar um pouco a respeito de um Projeto que fiz ingressar nesta Casa, há dois dias, relativo ao uso do corredor de ônibus da III Perimetral, aos domingos e feriados, para utilização da população para a prática de lazer e recreação. Essa obra de 12 km atinge vinte bairros, uma obra que ainda não está totalmente concluída, mas é uma obra que muda, e muito, a cidade de Porto Alegre, e nós sabemos que, ao longo da construção dessa III Perimetral, se discute muito sobre a questão dos espaços urbanos.

Os senhores e as senhoras são testemunhas de que uma das preocupações que este Vereador tem é relativa à ocupação dos espaços urbanos pela população, principalmente na utilização desses espaços para a prática de lazer e recreação. Então, no nosso entendimento, um espaço como esse, de 12km, ocupando vinte bairros, nada mais justo do que, aos domingos e feriados, os ônibus não circularem nos corredores e esse espaço servir para a população, para o seu lazer, para a sua reflexão, para uma confraternização entre as famílias. E o que eu estou apresentando aqui não tem nada de novo, até porque no próprio Município de Porto Alegre outros espaços já são utilizados para lazer e recreação aos domingos e feriados. Nós estamos na realidade acrescentando algo novo nesse espaço da III Perimetral, que recém está sendo implantado.

Voltamos a dizer: uma cidade como Porto Alegre, uma Cidade de um milhão e quatrocentos mil habitantes, precisa, sim, de espaço de ocupação. E essa interação vai fazer com que a população desses vinte bairros possa sentir que aquela obra não é simplesmente uma obra viária, mas que, nos domingos e feriados, pode ser uma obra para a ocupação dos próprios munícipes, para fazerem essa interação com o lazer e com a recreação. Quem ganha com isso? A população da Cidade que vai começar ao mesmo tempo perceber um novo olhar, um olhar diferenciado para esses espaços que, no seu dia-a-dia, servem para abrigar milhares e milhares de veículos, mas que, aos domingos, serão retirados para que a população possa fazer as suas caminhadas, andar de bicicleta, tomar chimarrão, sentar, conversar, ou seja, vai utilizar esse espaço para o seu lazer e para sua recreação. Nós esperamos que, ao apresentar este Projeto, que vai passar por diversas Comissões, possamos o mais brevemente dizer “sim” e fazer então uma ocupação concreta desses espaços pela população da nossa Cidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente dos trabalhos, Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras. Há uma polêmica envolvendo, vez por outra, a função dos azuizinhos - os agentes de fiscalização na cidade de Porto Alegre. E a matéria não é nova. Tenho recebido algumas reclamações de pessoas a respeito da atuação extremamente punitiva de parte dos azuizinhos. Falando hoje com um médico, que, no dia da eleição, levava a sua esposa que apresentava um problema de traumatismo no pé, estacionou o carro e saiu com dificuldades levando a sua esposa para o cumprimento do dever democrático, ou seja, para votar. Estavam ali os azuizinhos, e ele naquela situação com a esposa, com dificuldades. Decorridos três dias, ele recebe uma notificação de multa. Vejam, aquelas circunstâncias foram observadas, tinha mais de um azulzinho. Então, se indaga, e já se acusou a EPTC por orientar a sua fiscalização para autuar e autuar. A gente não quer generalizar uma acusação, porque, evidentemente, dentre os agentes, existem pessoas de bom senso, e nem se pode esperar diferente do agente de fiscalização e de um funcionário, de um modo geral, que não tenha bom senso. Então, são situações que vamos ter de investigar. E temos recebido aqui a Direção da Associação dos Agentes de Fiscalização, inclusive, com justiça, reivindicando o descumprimento por parte do Executivo no que diz respeito à participação na EPTC de um representante dos agentes de fiscalização, estamos trabalhando isso. Mas é preciso que se investigue, se inspecione junto à atuação da Administração. Afinal, em situações tais e o funcionário é instruído para que tenha critérios de bom senso. Nós vamos ter que aprofundar uma discussão, porque não é uma pessoa só a reclamar, são várias e várias pessoas que, diante de situações como essa e tantas outras, são tratadas no rigor da multa, fazendo com que o cidadão, o munícipe, fique frustrado diante de atitudes dessa natureza. Nós precisamos, a Casa precisa começar a abrir um debate, uma investigação. Mas, afinal, um homem, concursado, de conhecimento superior e médio, em uma situação como esta, de um cidadão que encosta o carro, mesmo que ali estivesse a placa de proibido, vendo o mesmo retirar a sua senhora, sua esposa, do carro com dificuldades de caminhar, com o pé enfaixado, e, de repente aplica-lhe uma multa. Mas não teria o agente de fiscalização de advertir o motorista? Não deveria ter dito: “Olha, o senhor está errado, tenha bondade...”. Aliás, nem deveria fazer isso, mas teria que ponderar, dizendo: “Olhe, o senhor faça o favor de retirar o carro daqui, coloque ali, etc e tal.” Não deveria fazer isso, mas até se concebe que faça isso. E aí, de repente, o cidadão, na sua casa, recebe uma multa. Olha, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, isso aí é uma orientação da EPTC para arrancar dinheiro e fazer caixa. A somar o número de conflitos que há nessa área, se está concluindo que, efetivamente, a EPTC orienta para multar e para fazer caixa. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 16h42min.)

 

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